Seria como chegar na venda da esquina e pedir um vidrinho daquele negro e alvo. Ou do mais caro, o inteiramente branco. Seria prático, seria rápido, contudo, talvez não interessante.
Admirável mesmo é o olhar reflexivo de uma cervical desmotivada, da cútis enferrujada,
o qual o Tempo se incumbiu de oxigenar. Uma responsabilidade de trazer consigo histórias
mirabolantes acerca de tudo e de todos. Não que tenham experimentado toda sorte
de doces e salgados, mas que saberiam bem indicar quais daqueles não comer.
Como não se nasce com nenhuma daquelas dobraduras na pele e morre-se, em
alguns casos, cheio delas? Mais que marcas. Sinais de credibilidade esboçados
em olhares casados, cansados de muito ver.
“Quando um velho morre é uma biblioteca inteira que queima”.
Pois vai se criando e construindo uma grande obra onde nada se tinha. Tal como
encher a sala de fotografias é correr pelo bosque da vida angariando carrapichos.
Num desses ricos em barrancos, buracos, subidas e descidas, percebe-se que, ao
levantar depois de um tropeção em um galho seco, os carrapichos só
aumentaram.
Contando ninguém acredita né?!
Até acredita, mas depois de experimentar o limão e aferir sua acidez. Bem
que já tinham dito ser ela única e intransferível.
Daí se indaga: Qual é a graça, se só aprende sobre a vida e como vivê-la
quando já se está ao fim dela?
É... podiam vender experiência enlatada, fios de cabelo branco sob
medida. Ou uma patente alta, um bigode grosso, só assim respeitariam o Velho Moço.
Seria como chegar na venda da esquina e pedir um vidrinho daquele negro e
alvo. Ou do mais caro, o inteiramente branco...